segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Querido diário..

Oi, escrevo aqui mais uma de minhas histórias diárias, e hoje, meu caro, fazem 19 anos esse meu martírio. Fui trancafiada numa Jaula chamada Terra, para ser mais exacta, na segunda maior metrópole do Brasil, chamada Rio de Janeiro.
Foi a 19 anos atrás que tudo começou. No começo eu não entendia muito bem as coisas, sempre tinha alguém pra me ensinar como se viver, mas eu não questionava, era até empolgante. Ao passar dos anos fui tomando consciência sobre tudo, até que com a idade que estou hoje pensei melhor sobre a vida que levo meu caro amigo diário. A 19 anos me prometem essa tal "Liberdade". Mas até hoje eu não entendo o significado da tal. Fui obrigada a estudar pra ser alguém nessa vida. Mais tarde a trabalhar pra ter dinheiro, me disseram que com ele eu poderia ter o mundo, mas nunca a felicidade. Trabalhei, no começo o dinheiro me fazia bem, mas não senti uma sensação prezerosa mais tarde, não me sinto livre. Para ser mais exacta, me sinto enjaulada, presa, sufocada em um planeta onde eu sou só mais uma nas estatísticas, mas um corpo no espaço, mas um pontinho lá do alto. E o pior de tudo é saber que além de eu fazer tudo direitinho, tem pessoas por ai fazendo o mal diário, pessoas que não tão nem ai pra ninguém, isso é tão triste. Sabe diário, antes de dormir, eu rezo pro dia de amanha ser melhor que o de ontem, rezo pelas pessoas, por mim, rezo para conseguir tudo nessa vida, mas sinto um vazio no meu peito quando eu penso que a vida é só "isso". Será mesmo que nascemos pra continuarmos presos a nós mesmos? Será que é só crescer, trabalhar, procriar e morrer? Eu tenho medo de estar sendo gananciosa, de estar pedindo demais, já que tem pessoas que não tem nem metade do que eu tenho, mas eu realmente queria me surpreender com a vida ou apenas sentir nem que seja por um segundo essa tal liberdade. Bom, é isso meu diário, amanha terei um dia longo, mas prometo parar de reclamar um pouco pra você. Até amanhã.

sábado, 8 de agosto de 2009

M(T)eu Abrigo

A minha casa é um barco, com quase tudo que eu preciso.
E não foi de ontem, que o navego sozinha.
As vezes vem visita, mas como tudo que vem,
vai embora também.
Vejo alegria, chuva, vejo nada e tudo.
Quanto mais navego, mais parece que não saio do lugar.
Descontente assim. Sem nada a esperar.
Mas se você vem, me contento por ficar,
nem que só uma noite, uma hora, outra hora.
Em dias de chuva, me sinto refém
de noites solitárias, sem alguém, que seja -meu- bem.
Mas se você vem, tem abrigo, sorriso.
E por assim dizer, talves tudo que eu preciso.
Passam noites não dormidas, mas eu já nem ligo,
pro passado, que deixa de ser abrigo.
E o que ficou pra trás, nem quero mais.
A minha volta, só azul, sonho azul, tudo azul.
Mas se você vem, meu horizonte fica tranquilo.
Com aquele momento em meu peito contido,
do teu cheiro, teu defeito.
Até o dia em que você não mais voltar.
Pra esse pesadelo de todas as noites cessar,
junto com meu respirar.