terça-feira, 29 de março de 2011

Possibilidade remota

Era uma noite como qualquer outra. Uma lua parecida com a de ontem. Nada parecia se mover. Avistei um lugar vazio, me aproximei. Sentei na mesa menos perceptível. Nem a luz se atreveria a se aproximar de lá. Estava tudo calmo, dava até para escutar as respirações a minha volta. De longe, senti olhares. Nada muito perturbador. Chegou mais perto, para que eu pudesse nota-lo e perguntou se poderia se sentar. - Quando já se tem em mente o “não”, tudo é válido. - Sem muita importância não liguei. Dei de ombros. Não esperava nada, já havia cansado de esperar, de procurar, de tentar. Por um breve momento pensei que poderia ser. Começou a falar, me contou sua vida, e foi como se eu já a soubesse, já conhecesse aquele olhar. Minha garganta já começava a engolir a seco. Senti minha respiração pesar, por varias vezes tive que puxar mais forte o ar pra poder respirar. Era tudo muito estranho, aquele sorriso que me prendia, o seu cheiro que me desconcentrava, todos aqueles detalhes, todos os sorrisos. Meus sorrisos. Acolheu-me, envolveu-me. Sem me fazer pensar duas vezes. Sabia o quão perigoso seria, sabia de todos os riscos, só não sabia, que seria incontrolável. Quanto mais o relógio girava, mais prendia minha atenção em você. A noite enfim terminou, deixei levar meu sorriso, minhas manias. Em um curto prazo, trouxe de volta, porém, em questão de segundos, o sorriso se transformara em perguntas, em tristeza. Será que o destino conseguiu me iludir tão bem? Não conseguia e nem queria entender o porque daquelas mudanças repentinas, das promessas quebradas. Como seria possível alguém conseguir enganar tanto alguém. E eu não entendia, não achava uma razão. De repente acordei, lençol molhado, respiração ofegante, um pouco de medo talvez. Olhei para os lados para me certificar de que foi tudo mesmo um sonho. Ergui o braço em direção ao meu rosto, tocando meus dedos em meus lábios, vi que ainda havia sorriso, e o mais importante, um coração.



quinta-feira, 10 de março de 2011

Gostar


Se eu me perco no tempo, sei que você erguerá suas mãos só pra me salvar, e assim então eu poderei ver a luz. Com teus braços eu poderei me apoiar. Porque você é meu herói e também meu bandido, gosto dessa brincadeira de nunca saber, gosto do gosto noturno do teu beijo ao me encontrar antes de se virar pra dormir. Gosto do som que seu coração faz no meu ouvido quando me deito no seu peito. Gosto do som que minha boca faz quando você me aperta tão forte que ate perco o ar. Gosto de gostar das coisas que você me faz e não faz. E se você partir, a noite quando eu fechar os olhos, sentir teu cheiro, e sonhar contigo mesmo assim, eu vou gostar. Gostar de te amar.

domingo, 6 de março de 2011

E os dias em que eu virava a noite esperando você voltar? E as palavras que eu nunca disse com medo de te machucar? Os planos, promessas, e a vontade de te ter? Coisas que só eu faria por você. E não há mais ninguém pra nos salvar. Palavras ao vento, frases quebradas. Pelo menos com você eu aprendi a me amar.

sábado, 5 de março de 2011

Liar



Dessa forma, eu consigo te encarar,
não mais da mesma maneira, não mais amando,
mas sendo amado.
Amado por ter suportado tanta farsa.
Tanta mentira aquele tempo todo.
Agora a verdade parece um veneno.
Vai matando aos poucos,
o pouco de esperança que existia em mim.
O tempo passou, levou tudo de bom, tudo de ruim,
e eu já nem lembro mais o que eu sentia quando te ouvia.
Era tudo que eu não queria, só mentiras.
Pode não parecer, mas se olhar nos meus olhos
vai perceber que não estas mais em mim.