quinta-feira, 18 de junho de 2009

O estranho


Um dia comum, como qualquer outro. Resolvi sair de casa um pouco, esquecer daquela rotina que me escravizava diariamente. Sem rumo, vi o mar, pessoas, estranhas, roupas, crianças, cachorros, mendigos. Vi do céu ao caos. Sentia-me sozinha, mas a brisa agradável, não me fazia sentir só completamente. E o sol que queimava o meu rosto, junto com o constante som de múltiplas vozes.
Sentei, estiquei as pernas, o tempo passou rápido, já conseguia ver ao longe o por do sol. Enquanto contemplava a vista, alguém me mirava ao longe. Quando percebi, já era tarde. Sentou-se do meu lado. Não recordo dos teus traços, mas tinha uma coisa rude na expressão, e ao mesmo tempo educado. Continuei a contemplá-lo. Era hipnotizante por momentos, o modo como gesticulava, como fazia o jogo de palavras ao celular, como me intrigava a querer descobrir mais dele. De repente notou que eu o observava. Desviei o olhar, me senti vermelha. Então pôs a mão em meu ombro. Imediatamente gelei, senti calafrios, como se estivesse em uma montanha russa. Pediu desculpas e perguntou se eu estava sozinha. Mal consegui falar, apenas mexi com a cabeça. Ele me parecia meio triste, no olhar, mas aparentemente era feliz. Não sei, mas eu sentia vontade de saber mais dele, me aproximar, ser intima, contar minhas coisas também. Conversamos tanto que a lua se pôs ao céu para junto das estrelas, enquanto mal sabia o teu nome. Ele me parecia crítico, mas nunca cansado da vida, esperançoso até, mas orgulhoso, avassalador, mas sem pretexto algum. Já era hora, mas eu não queria que fosse. Levantei-me, olhei o relógio, perguntei se o via no mesmo horário amanha, estava tarde. Ele apenas me olhou com um olhar cabisbaixo, não conseguindo me encarar totalmente e disse:
- Desculpe, nunca mais voltarei. Não que a noite não tenha sido maravilhosa. Mas não posso deixar que me conheças de um todo. Sou misterioso e prefiro que continue assim, infelizmente sou ilusório também, não por escolha, mas às vezes é inevitável. Até uma outra vez quem sabe. Ah, e meu nome, é amor.

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