Era uma noite como qualquer outra. Uma lua parecida com a de ontem. Nada parecia se mover. Avistei um lugar vazio, me aproximei. Sentei na mesa menos perceptível. Nem a luz se atreveria a se aproximar de lá. Estava tudo calmo, dava até para escutar as respirações a minha volta. De longe, senti olhares. Nada muito perturbador. Chegou mais perto, para que eu pudesse nota-lo e perguntou se poderia se sentar. - Quando já se tem em mente o “não”, tudo é válido. - Sem muita importância não liguei. Dei de ombros. Não esperava nada, já havia cansado de esperar, de procurar, de tentar. Por um breve momento pensei que poderia ser. Começou a falar, me contou sua vida, e foi como se eu já a soubesse, já conhecesse aquele olhar. Minha garganta já começava a engolir a seco. Senti minha respiração pesar, por varias vezes tive que puxar mais forte o ar pra poder respirar. Era tudo muito estranho, aquele sorriso que me prendia, o seu cheiro que me desconcentrava, todos aqueles detalhes, todos os sorrisos. Meus sorrisos. Acolheu-me, envolveu-me. Sem me fazer pensar duas vezes. Sabia o quão perigoso seria, sabia de todos os riscos, só não sabia, que seria incontrolável. Quanto mais o relógio girava, mais prendia minha atenção em você. A noite enfim terminou, deixei levar meu sorriso, minhas manias. Em um curto prazo, trouxe de volta, porém, em questão de segundos, o sorriso se transformara em perguntas, em tristeza. Será que o destino conseguiu me iludir tão bem? Não conseguia e nem queria entender o porque daquelas mudanças repentinas, das promessas quebradas. Como seria possível alguém conseguir enganar tanto alguém. E eu não entendia, não achava uma razão. De repente acordei, lençol molhado, respiração ofegante, um pouco de medo talvez. Olhei para os lados para me certificar de que foi tudo mesmo um sonho. Ergui o braço em direção ao meu rosto, tocando meus dedos em meus lábios, vi que ainda havia sorriso, e o mais importante, um coração.
terça-feira, 29 de março de 2011
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