terça-feira, 7 de abril de 2020

Fiz essa carta pra você

Passou um tempo, até você resolver aparecer.
Como se tivéssemos marcado hora, a campainha tocou
e na mesma hora eu consegui sentir que era você.
Os pelinhos do braço arrepiaram.
Abri a porta, me abraçou apertado, e eu gelei. Fiquei imóvel.
Olhou no fundo dos meus olhos
e conseguiu perceber que não esperava que você apareceria agora.
Raros os momentos em que você me procurou,
as vezes você surgia na minha cabeça,
mas eu fazia de tudo pra essa memória ser passageira.
Porém não tem como evitar, você sabe onde me encontrar,
e você me invade de uma forma que me sinto sem nenhuma proteção.
Você me paralisa, me enfraquece, do jeito que só você sabe.
Você entrou, me arrastou para o quarto
e ficou comigo contando e criando histórias até eu pegar no sono.
Assim que abri os olhos, você ainda estava lá, imóvel,
me olhando profundamente, parece que gostava de me ver dormindo.
Você me desperta algo incontrolável,
com você eu perco o ponto de equilíbrio,
não sei mais onde é o começo e o fim. Não sei nem se existe fim.
Não quero mais falar com ninguém, a presença de ninguém.
A respiração fica mais pesada quando você tá em mim.
Eu não sei como você consegue mexer tanto comigo.
Não sei se você me faz mais mal do que bem.
Se eu tenho que te evitar ou aceitar o que você me oferece.
E se o que você me oferece é demais pra mim?!
Você me invade de reflexão e leva toda minha razão.
Essa noite quando eu fechar os olhos,
eu juro que vou tentar entender
que eu preciso de você tanto quanto você precisa de mim.

Fiz essa carta pra você.
Hoje você é poesia,
tristeza.